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Motor moderno dá retífica? Entenda quando é melhor comprar um bloco novo

Veja quando vale a pena consertar o motor ou quando é necessário trocar por um novo

Por Fernando Miragaya
4 Maio 2024, 17h00
Motor Parts
Retificar exige mão de obra competente e peças de boa qualidade (Divulgação/Quatro Rodas)
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Você está tranquilão em uma grande loja de autopeças e daqui a pouco se depara com um bloco inteiro de um conhecidíssimo Fiat Fire novinho em folha – ou melhor, em ferro. Na frente, um cartaz amarelo do tipo de supermercado com o preço de R$ 5.999. E aí você se pergunta: por que raios alguém vai comprar um motor novo já que existe retífica?

Quando o motor quebra, a primeira coisa que vem à mente do dono do veículo é a retífica, nome popular para indicar reparos diversos e trocas de itens que recuperem o pleno funcionamento do conjunto mecânico. Sem dúvida é o caminho mais natural do que partir para um propulsor inteiramente novo.

“Se o problema está perto do catastrófico e o carro ainda tem certo valor de revenda, vale fazer a retífica. As peças em si não costumam ser muito caras, a mão de obra que é. Tem de tirar o motor, abrir, inspecionar, montar de novo…”, observa o engenheiro Eduardo Tomanik, da comissão técnica de motores da SAE Brasil.

Quanto custa a retífica do motor?

Em motores populares, a retífica geralmente também é indicada por ser viável financeiramente falando. Ainda mais quando se fala de um carro com oito anos de uso ou mais. Nestes casos, é preciso pôr na ponta do lápis o custo/benefício.

Vamos ao exemplo do motor Fire que abriu esta reportagem. Uma retífica do motor de 1 litro custa, em média, entre R$ 2.500 e R$ 3.800 em oficinas de São Paulo e Rio de Janeiro, já com a mão de obra. Mesmo se for um Uno ano 2014, por exemplo, que custa entre R$ 25.000 e R$ 30.000 nos principais sites de compra e venda de veículos, o conserto vale a pena.

Bloco do motor 1.6 16V do Citroën C4 Cactus se saiu muito bem no teste
Bloco do motor 1.6 16V do Citroën C4 Cactus (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)
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Para carros que venderam pouco, de marcas com volumes baixos ou de nichos de mercado, a retífica pode ser não só a melhor como a única solução. Muitas vezes tais modelos têm componentes difíceis de achar ou exigem mão de obra mais específica.

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“Retífica é mais fácil, mas tudo parte de verificar o dano. O ideal é fazer comparação de preços entre motor novo e serviços feitos com qualidade, e com peças de qualidade”, sugere o engenheiro mecânico especialista em motores Renato Passos.

É importante lembrar que a própria retífica tem suas variáveis. Um recondicionamento geral prevê a troca de componentes como bronzinas, anéis e pistões, além da “usinagem” de peças como virabrequim, bielas, cabeçote, válvulas de admissão e escape, entre outros.

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Porém, muitos projetos de motores permitem consertos parciais. Ou seja, compra-se um kit de peças para serem substituídas. “Alguns motores já previam isso no passado, inclusive. O Ford CHT é um exemplo: tinha jogo de camisas, anéis, pistões e bronzinas”, ressalta Passos.

Quando é melhor comprar um motor novo?

É preciso ponderar também que os motores podem ter limites para tais recondicionamentos. Especialistas e mecânicos dizem que, em alguns propulsores, por exemplo, não é possível fazer mais de uma retífica do cabeçote.

quatro rodas
Bloco, cabeçote e partes móveis de um motor (Xico Buny/Quatro Rodas)

Além disso, tem a questão do bloco do motor. Em caso de rachadura, o ideal é partir para um novo, já que sua recuperação é muito difícil. Mesmo que seja possível o conserto, a vida útil do conjunto tende a ficar comprometida.

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Tem ainda aqueles motores muito tecnológicos e cujo projeto é complexo. Muitas vezes, o próprio mercado de reparação ainda carece de dados técnicos e equipamentos, ou mesmo não existe disponibilidade de todos os componentes específicos para a montagem. Por isso, dizem que estes motores não têm retífica.

Dá para confiar em retífica de motor?

Segundo os especialistas, a retífica correta e feita com peças de qualidade garante praticamente a mesma vida útil do motor novo previsto pela montadora. Contudo, é preciso seguir algumas regras básicas.

A primeira é fazer o serviço em uma oficina mecânica de confiança e com boa reputação no mercado. E que use componentes de qualidade – a ABNT impôs normas para peças de retífica, sobretudo as importadas, que devem ter um selo de autorização para comercialização e uso no país.

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“Uma retífica bem feita deixa o motor muito próximo a um novo. Mas é preciso estar atento às falsificações. Peças ruins podem fazer o carro dar problema uma semana depois. O ideal é ir a uma oficina de confiança, que emita nota fiscal, que tenha equipamento e maquinário bom e que dê garantia”, orienta Tomanik , da SAE.

“Interessante ter um mecânico orientando. Se é um motor com retífica complicada e alguém vende uma retífica milagrosa, pode ter certeza de que você vai ficar pelo meio do caminho”, completa Passos.

Os custos de um bloco novo

Quem vai trocar o motor deve ter em mente que não é só colocar o blocão no carrinho de compras e pronto. É preciso levar em consideração o custo da mão de obra e também buscar oficinas mecânicas especializadas e capacitadas com ferramental adequado.

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Ainda tem a parte burocrática. Com a nota fiscal do motor novo, o dono do veículo tem de ir ao Detran. O procedimento-padrão consiste em preencher um formulário (geralmente digital), pagar a taxa correspondente (que varia conforme o estado) e dar entrada na solicitação de troca.

O mesmo procedimento vale se você for comprar um motor já recondicionado e pronto em um modelo de negócio em que o proprietário do veículo dá seu motor “fundido” ou “quebrado” para a loja – muitas empresas já fazem esse serviço.

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