Funcionamento irregular dos Pulse e Fastback Hybrid é normal, diz Fiat
Dezenas de proprietários relatam a mesma pane do carro do Longa Duração: se o carro para, o sistema híbrido deixa de funcionar

Depois que relatamos, em vídeo, como o Fiat Pulse Impetus Hybrid do teste de Longa Duração ficou 23 dias contínuos sem o impulso elétrico do sistema híbrido leve, recebemos mais relatos de proprietários de Pulse e Fastback Hybrid com o mesmo problema.
Todos os relatos mostram uma causa em comum: o carro ficar parado e sem uso por pelo menos um dia.
Em comentário no YouTube, o usuário @arlindonatal relatou ser proprietário de um Fastback Impetus Hybrid e que, por meio dos serviços conectados Connect/Me (que é opcional para os Impetus) o carro indica “erro no sistema de carregamento”. Nosso carro tem esse sistema, mas não observamos essa indicação.
O próprio carro não indica qualquer erro. Não há alerta, luz espia ou qualquer aviso de que o sistema híbrido está inoperante. Se não estivéssemos atentos, não teríamos percebido que nosso Pulse 1.0 Turbo convencional por tanto tempo. Depois o sistema voltou a funcionar, mas bastou ficar um dia parado para o impulso elétrico cessar novamente.
Este, inclusive, é um relato comum dos proprietários. Se os Pulse e Fastback Hybrid ficam parados por um dia, o sistema híbrido deixa de funcionar.

No YouTube, o usuário @rodrigoruiz relatou que o sistema híbrido do seu Fastback deixou de funcionar após ficar parado por dois dias e permaneceu assim por vários dias. “Em um mês com o carro, o sistema funcionou por no máximo 10 dias”, relata. Ele levou na concessionária, onde disseram que o carro estava normal mas fizeram uma atualização. Depois disseram que o tempo do transporte da fábrica para a loja compromete a eficiência do sistema. O carro funcionou normalmente por 7 dias até ficar um dia e meio parado.
Por e-mail, o leitor Charles Machado relata que seu Fastback Impetus Hybrid fica sem o impulso elétrico sempre que para por algumas horas. Se fica parado por um dia, leva duas horas para o carro voltar a funcionar como um híbrido leve.

“Fui viajar na segunda semana de Janeiro, deixando o carro parado por 7 dias. Eu voltei e não funcionava a recarga (não aparecia mais a barrinha verde no painel), o Start&Stop também parou de funcionar, e logicamente o auxílio elétrico nem dava sinal de vida. A bateria de lítio indicava 100% no painel… Porém, não temos acesso ao nível da bateria de chumbo. Rodando o primeiro dia, voltou a funcionar depois de algumas horas a recarga (barra verde). No segundo dia, voltou o Start&Stop. No terceiro dia, já tinha rodado bastante, voltou a funcionar o auxílio elétrico”, relata Charles.
Charles diz que ainda não levou seu carro em uma concessionária com medo do seu carro se tornar uma cobaia, mas que procurou pessoas da Fiat que demonstraram não se importar muito com a situação.
Já Rodrigo e outros proprietários que relataram a mesma pane estão gravando o problema e enviando para as concessionárias, que estariam enviando esses vídeos para a fábrica.

O @cassianof, porém, recebeu seu Pulse Impetus em 13 de dezembro e por duas semanas o carro funcionou normalmente. O sistema híbrido parou de funcionar de repente. Ele levou à concessionária, onde o carro ficou por 15 dias corridos e fizeram a troca de uma das baterias e a calibração do sistema. O carro está normal, mas foi retirado da concessionária há apenas dois dias.
Um boletim enviado aos concessionários diz que, caso o cliente relate este problema, deve ser feita uma recarga externa na bateria de chumbo e, depois, um reaprendizado no sistema do carro. Neste boletim é o único lugar onde consta que a bateria de chumbo deve estar com carga acima de 80% e a de lítio, sob o banco do motorista, deve ter 30% de carga para que o sistema híbrido funcione.

Fiat define como “característica do produto”
Dada a similaridade entre as situações relatadas, QUATRO RODAS questionou a Fiat sobre os problemas apresentados e também sobre a forma de funcionamento ideal do sistema híbrido leve.
Na resposta, que você pode ler na íntegra a seguir, a Fiat trata como característica dos seus carros com sistema Hybrid, mas sem detalhar o funcionamento do sistema ou o que leva o carro a não ter impulso elétrico.
A fabricante ainda diz que seus carros híbridos são conectados e que isso permite o monitoramento do funcionamento dos Pulse e Fastback, e que os dados coletados poderão ser usados para que façam evoluções nos seus carros. Quer dizer que os carros que têm o sistema Conecte/Me (opcional de R$ 2.990 disponível apenas para os Impetus) fornecem dados que podem guiar a fabricante em futuras atualizações do sistema para todos os carros.
Segue a nota oficial:
“Os produtos híbridos da Fiat foram desenvolvidos e lançados após exaustivos testes, planejados para que o consumidor sempre possa desfrutar ao máximo do seu veículo. A tecnologia aplicada no Fastback e Pulse é inovadora e projetada para ser acessível, permitindo que muito mais consumidores possam ter um modelo híbrido. A situação detectada pela revista é uma característica do produto. Os carros híbridos da Fiat são conectados, o que é uma vantagem e uma oportunidade, que possibilita o monitoramento. Dessa forma, a partir dos dados coletados a distância sobre como o cliente utiliza os veículos, podemos realizar evoluções contínuas nos nossos produtos. Vale dizer ainda que a tecnologia aplicada nos modelos permite economia de combustível superior a 10%. Este resultado depende diretamente da forma de condução do cliente, podendo chegar a números ainda maiores de diminuição de consumo, como verificado em testes realizados pela imprensa automotiva.”
Como saber se o sistema híbrido realmente está funcionando?
A priori, a lógica do sistema híbrido leve é utilizar o BSG (um motor-gerador que também funciona como motor de partida) para dar um suporte ao motor 1.0 turbo em situações de médias acelerações, ao mesmo tempo que é capaz de regenerar mais energia nas desacelerações e frenagens do que um alternador convencional. Em condições normais, essa atuação pode ser acompanhada pelo quadro de instrumentos do carro.

Quando o BSG está atuando, é normal que a carga da bateria de lítio, indicada pela grande barra azul à direita do velocímetro (isso também vale para as versões Audace, que não têm tela colorida), reduza rapidamente. A frenagem regenerativa é plenamente capaz de repor essa energia quase tão rapidamente quanto.
A atuação do BSG como motor, porém, está diretamente ligada à carga na bateria: quanto mais carga, maior e mais constante é a atuação do impulso elétrico.
E quando o sistema está em pane?

O que aconteceu com nosso carro foi ligar sempre com o indicador de carga da bateria no máximo, mas funcionar sem qualquer impulso elétrico. Não havia consumo da bateria, mas a regeneração da energia podia ser sentida e vista na barra indicadora, que acende em verde abaixo do indicador do impulso elétrico. A atuação da regeneração, porém, se dava a cerca de 30% da sua capacidade.