O ritual de retirar um automóvel recém-adquirido da loja é um evento marcante na vida das pessoas. Há motoristas, porém, que têm esse evento demasiadamente adiado. Nestes tempos de falta de componentes, é compreensível a demora, em alguns casos. Mas vai explicar isso para quem comprou o carro achando que logo teria o veículo?
E, no caso dos recém-lançados Fiat Pulse e Jeep Commander, há um grande grupo de clientes nessa situação. O representante comercial Dario Neves, de São Bernardo do Campo (SP), dono de um Pulse Impetus 2022, precisou aguardar seis meses pelo SUV. “Quando reservei, o vendedor prometeu entregar o carro em até 15 dias, dizendo que tinha contatos dentro da montadora”, conta.
A angústia de meio ano também foi vivida pelo advogado William Ferreira Xavier, de Herval (RS), que hoje é um feliz proprietário de um Pulse 1.3 CVT. “Comprei o carro na pré-venda, outubro de 2021”, lembra.
Um médico do Rio Grande do Sul, que pediu para não ser identificado, não suportou a espera. “Vendi meu carro em dezembro pensando em receber um Commander em janeiro”, diz.
Quando foi informado de que a previsão de entrega havia sido alterada para abril, ele, que não podia ficar sem carro, encontrou uma unidade para pronta entrega em Santa Catarina e não pensou duas vezes: comprou. Quando a unidade do RS chegou, ele revendeu sem demora.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, quem não recebe o veículo no prazo, caso tenha danos morais e materiais comprovados, pode iniciar um procedimento legal e o juiz pode estabelecer um prazo para a entrega e, em caso de descumprimento, uma multa diária a ser paga pela montadora e/ou a concessionária, segundo o estabelecido no inciso 6º do artigo 6º e artigo 30. O mesmo vale para aqueles consumidores que conseguiram o veículo apenas após o prazo estipulado pela montadora.
Questionada, a Stellantis, que é dona das marcas Fiat e Jeep, atribui os atrasos à crise do fornecimento de componentes. E, no que diz respeito aos nove casos relacionados por nós e enviados a ela, que apenas dois encontram-se pendentes e, sobre um terceiro, a empresa não tem registro de contato via canais oficiais de atendimento aos clientes.
O povo reclama
“Em dezembro de 2021 fiz o pedido do Pulse drive 1.3 manual. Agora em abril, quatro meses depois, a concessionária me ligou informando que eu teria de entrar na fila de espera novamente para receber o carro e, se caso eu desistisse, teria de pagar uma multa de 3% do valor do carro. Procurei outra concessionária e uma semana depois recebi o carro, sem pagar a multa.”
Rafaela Rezende, médica, Macapá (AP), Pulse drive 1.0 CVT
“Paguei R$ 2.000 na pré-venda, no início de outubro de 2021 e, até o momento, me deram três previsões de entrega para 2022, março, abril e agora maio.”
Kleber Moreira e Lopes, São Luís (MA), Commander Overland a diesel