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Como garantir conforto e segurança em viagens de carro com crianças a bordo

Jornalista que rodou mais de 10.000 km pelo Brasil, com o marido e a filha, de 2 anos, dá dicas de como tornar as viagens com criança mais tranquilas e seguras

Por Marina Vaz
Atualizado em 27 dez 2024, 19h12 - Publicado em 27 dez 2024, 19h05
Carro da família no marco de início da BR-101, no Rio Grande do Norte
Carro da família no marco de início da BR-101, no Rio Grande do Norte (Rafael Cunha/Quatro Rodas)
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Cair na estrada nas férias costuma ser associado a um clima de liberdade e descontração. Mas, quando se viaja com filhos, é preciso considerar que ficar parado dentro de um carro, geralmente, não é o programa preferido das crianças.

Por isso, quando eu e meu marido decidimos sair de São Paulo para percorrer o litoral do Sudeste e Nordeste, em nosso Renault Logan 1.6 2017, não tínhamos a menor ideia de como nossa filha, então com 1 ano e 9 meses, reagiria.

Praia em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro
Praia em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Fizemos reservas semanais de casas nos três primeiros destinos: Niterói (RJ), Búzios (RJ) e Meaípe (ES). Se tudo desse errado, retornaríamos depois disso, mas nosso plano era chegar até os Lençóis Maranhenses (MA).

O porta-malas era amplo, com capacidade para 510 litros, mas ali não havia espaço sobrando. Uma bolsa de viagem para cada um; itens essenciais para o conforto da bebê, como berço portátil, cadeirinha de alimentação e banheira; e, por fim, uma sacola bem minimalista com objetos de apego (naninhas), livros e brinquedos preferidos.

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Logo de início, percebemos que viagem com criança exige planejamento. Não só para as questões burocráticas, como fazer uma revisão no veículo ou decidir os melhores destinos e rotas, mas para garantir um tempo de qualidade em família também dentro do carro.

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Hospedagem em Moitas, que fica a 277 km
Hospedagem em Moitas, que fica a 277 km (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Explicar para os pequenos passageiros, de forma resumida, cada etapa do percurso é algo que ajuda a controlar a inquietação e a ansiedade. Quanto mais novos eles são, menos noção temporal eles têm. Por isso, com nossa filha, usamos frases diretas e referências cotidianas para contar o que estava por vir (por exemplo, “chegaremos à nossa nova casinha depois do almoço”).

Se a criança sente sono durante o dia, é interessante ajustar o horário de início da viagem para coincidir com a soneca. Para essa estratégia ter mais chances de sucesso, antes de entrar no carro, sempre reservamos um tempo para dar a ela muita atenção e carinho, além de incentivar brincadeiras ativas, de preferência ao ar livre. Uma criança feliz e um pouquinho cansada tende a querer dormir com o balanço do carro.

Pai e filha com uma oca indígena, na Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás
Pai e filha com uma oca indígena, na Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás (Marina Vaz/Quatro Rodas)

As sonecas na cadeirinha ajudaram muito quando, já convencidos de que seguir com nossa aventura era algo possível, começamos a subir pelo extenso litoral da Bahia. Para chegar a cidades como Trancoso, Itacaré e Itacimirim, dirigimos de seis a sete horas por trecho. Os tempos das viagens sempre eram alongados pelas necessárias trocas de fralda. Assim, havia muito tempo livre dentro do carro e pouco tempo livre fora dele, já que mais paradas atrasava ainda mais a chegada até o destino.

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Nesses pit stops estratégicos, uma bolsa térmica bem abastecida sempre ajudava. Dentro dela, tínhamos à mão receitas saudáveis e nutritivas já provadas e aprovadas pela criança (melhor deixar as experimentações para outra ocasião), além de água e frutas em pedaços. O objetivo era que esses lanchinhos, oferecidos com atenção redobrada para evitar engasgos, pudessem até mesmo substituir uma refeição principal, se fosse preciso.

Apresentação dos indígenas na Chapada dos Veadeiros, em Goiás
Apresentação dos indígenas na Chapada dos Veadeiros, em Goiás (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Evite as telas

Quando era possível um pequeno desvio de rota e uma parada para almoço mais tranquila, os restaurantes dentro de pousadas tornaram-se nossas escolhas preferidas. Isso porque, além das refeições de boa qualidade, esses estabelecimentos costumam oferecer comodidades como estacionamento interno e estrutura de banheiros, além de atrativos como áreas arborizadas, espaços para caminhar e até parquinhos infantis.

De volta ao carro, na hora de divertir a criança, não caia na armadilha de oferecer telas logo de início. Pode ser tentador deixá-la assistir a desenhos estimulantes em um tablet ou celular, mas, depois disso, dificilmente ela vai se entreter com gotas de chuva escorrendo pelo vidro da janela ou outras sutilezas que podem fazer da viagem um momento especial e de conexão entre os familiares.

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Registro no destino final: Barreirinhas, no Maranhão
Registro no destino final: Barreirinhas, no Maranhão (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Para tanto, não devemos subestimar a capacidade que as crianças têm, naturalmente, de se encantar com coisas simples. Vale contar curiosidades sobre o que estão vendo pelo caminho, chamar a atenção para animais, paisagens ou veículos, e incentivá-las a expressar como estão vendo, literalmente, aquele percurso. Desde a barraca que vendia umbu e pitomba na beira da estrada, em Pernambuco, até as hélices de energia eólica vistas ao longe, no Rio Grande do Norte, tudo virava assunto dentro do nosso carro.

Uma playlist musical criada especialmente para a viagem também é um incentivo a manter os ouvidos atentos e os olhos livres para observar o entorno. Mas, na hora de fazer a seleção, pense sempre em mesclar canções que possam agradar a todos, sejam elas infantis ou não. Lembre-se: vai ouvir aquilo muitas e muitas vezes.

Mãe e filha passeando nas ruas de São Luís (MA)
Mãe e filha passeando nas ruas de São Luís (MA) (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Respeitando o ritmo dos pequenos é possível passar longos períodos na estrada apenas com perrengues pontuais (que depois serão lembrados com humor). Para isso, o mais importante é alinhar as nossas expectativas às demandas de cada criança, que mudam constantemente. Assim, evitam-se frustrações de todas as partes.

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Aquela família que estava em dúvida se conseguiria passar do Espírito Santo percorreu todos os estados do Nordeste e chegou, enfim, ao Maranhão. A bebê completou 2 anos assistindo a uma apresentação de bumba meu boi em São Luís. Deu tão certo que desistimos de uma ideia inicial, de retornar a São Paulo de avião e despachar o veículo em um caminhão-cegonha.

Seguimos de volta pelo Norte e Centro-Oeste do Brasil, passando por pontos como Palmas (TO), Chapada dos Veadeiros (GO) e Brasília (DF), em um total de quatro meses de viagem. Foi preciso até fazer uma revisão no carro, no meio do caminho, pois ultrapassamos os 10 .000 km rodados.

Vista dos Lençóis Maranhenses, Maranhão
Vista dos Lençóis Maranhenses, Maranhão (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

Manual de garantia

Como garantir conforto e segurança nos trajetos de carro com os pequenos a bordo

CADEIRINHA – Para incentivar sonecas, escolha uma cadeirinha de segurança homologada que possua ao menos um nível de inclinação, o que minimiza as chances de o pescoço tombar para a frente e a criança despertar com frequência. Outro complemento é investir em almofadas próprias que dão apoio à cervical, sempre observando as recomendações de uso, para evitar risco de asfixia.

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ROTAS – Redobre as preocupações com segurança e, antes de sair de casa, cheque a situação das estradas pelo site do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (dnit.gov.br). Baixe também um mapa offline do trajeto, para não se preocupar com eventuais oscilações no sinal do celular, e compartilhe sua localização em tempo real com alguém de confiança, que possa acionar ajuda em caso de emergências.

Orla de Búzios, no Rio de Janeiro
Orla de Búzios, no Rio de Janeiro (Rafael Cunha/Quatro Rodas)

HORÁRIOS – Sempre que possível, escolha viajar de dia, ainda que seja preciso sair bem cedo do ponto de origem. O tempo de sono a mais pode não compensar a possibilidade de imprevistos com uma criança à noite na estrada. Também é mais fácil conseguir atendimento médico durante o dia, em qualquer lugar. Aproveite para verificar, antes, a quais unidades de pronto-atendimento você poderia levar a criança, em caso de mal-estar.

RESPIRO – Faça das paradas um momento lúdico, mesmo nos postos de gasolina mais simples. Em áreas ao ar livre para correr e brincar, melhor ainda. Mas previna-se: deixe dentro da cabine do carro, além de lanchinhos, ao menos uma troca de roupa e uma garrafa cheia de água filtrada para higienizar a criança, caso precise e não encontre pontos de apoio mais estruturados.

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