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Câmbio automático está mais robusto; veja como evitar problemas futuros

Manutenção de câmbio automático está mais simples, só que é preciso fazer as revisões e a troca de fluidos corretamente

Por Fernando Miragaya
4 jun 2025, 09h22
Sistemas complexos requerem mais atenção
Sistemas complexos requerem mais atenção (Divulgação/Quatro Rodas)
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Quem tem mais de 40 anos deve ter ouvido do pai, da mãe ou do tio metido a sabichão em alguma passagem desta encarnação aquela frase: “Carro com câmbio automático dá problema”. Pois bem, quem tem 20 anos hoje não quer é saber de automóvel com caixa manual.

Hoje, mais de 60% dos licenciamentos de veículos zero-km no Brasil são de carros automáticos. Em alguns segmentos, como SUVs, isso sobe para mais de 80%. Com essa popularização e avanço das transmissões, será que temores ainda fazem sentido?

Para engenheiros e reparadores, não precisamos ser como nossos pais. Ou seja, pode abraçar o câmbio automático sem culpa, mas é preciso ficar atento, pois, ao mesmo tempo que esse tipo de transmissão evoluiu, sua manutenção passou a ficar mais rigorosa.

“Com a evolução da tecnologia, as transmissões automáticas aumentaram de eficiência no sentido de economia de combustível e conforto. Contudo, os reparos têm exigido que os proprietários necessitem realizar manutenções preventivas”, alerta Toshio Matsui, especialista em mecatrônicas, robóticas e câmbios.

Troca do óleo do câmbio automático é recomendada

Uma das principais questões em relação à manutenção ainda diz respeito ao fluido. A troca do óleo da caixa pode variar a cada 30.000 ou 50.000 km, ou entre dois e três anos – varia conforme projeto, montadora e modelo – e o produto deve seguir as especificações do fabricante.

Almiro Moraes, da Comissão Técnica de Transmissões da SAE Brasil, chama a atenção para as transmissões que recomendam trocas de fluido a cada 100.000 km ou mais. Ou que têm óleo “infinito”.

Compass
CAmbio automatico (Renato Pizzuto/Quatro Rodas)
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“A temperatura de várias regiões do Brasil tende a degradar o óleo, principalmente o da transmissão, que não conta com nenhum tipo de arrefecimento”, ressalta o engenheiro.

Ou seja, a umidade e o calor excessivo, para citar alguns exemplos de condições climáticas desfavoráveis, podem acelerar a oxidação do óleo. O que vai fazer com que o produto perca suas propriedades.

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“Vejo muito fluido contaminado com detrito que a própria transmissão solta conforme a rodagem, o que pode estragar precocemente o conjunto. Imagine você comendo uma gelatina e sentir algo sólido na boca. Isto é o que o câmbio sente, mas com o tempo essa contaminação fica circulando infinitamente e pode causar desgastes”, compara Toshio.

Ao se deteriorar, o óleo perde poder de lubrificação, a caixa passa a operar em temperaturas mais elevadas e ocorre aumento do atrito das peças internas. O que vai resultar em falhas no funcionamento do câmbio, excesso de trancos e trepidações, além de perda de potência e aumento do consumo de combustível. Só prejuízos.

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Cada câmbio tem um óleo exato

Reparo de caixa automática: só com mão de obra especializada
Reparo de caixa automática: só com mão de obra especializada (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Outro ponto que merece a atenção na manutenção do câmbio automático é a especificação do fluido para cada tipo de caixa. Com o avanço dos sistemas CVTs (de relações continuamente variáveis), é preciso ficar atento aos óleos específicos para a lubrificação a fim de preservar a correia e a polia.

“O CVT demanda óleo mais especial, pois tem de ser bom para lubrificar e ser bom para transmitir torque. Ou seja, no caso do CVT, não ter atrito na correia é muito mais importante do que em um câmbio automático convencional”, explica Almiro, da SAE.

A boa notícia é que o custo de manutenção das transmissões automáticas hoje já não é tão caro, como no tempo dos antepassados. Inclusive, no que diz respeito aos próprios CVTs, que tinham custo de reparação maiores.

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“Os valores estão se equilibrando, pois o mercado vai ofertando peças de qualidade e a concorrência já diminuiu muito os preços entre esses câmbios”, explica Toshio Matsui.

Circuitos do câmbio automático: risco de entupimentos
Circuitos do câmbio automático: risco de entupimentos por sujeira no óleo (Acervo/Quatro Rodas)

Inclusive, há uma expectativa que o câmbio continuamente variável seja aplicado mais na indústria nos próximos anos. “Apesar de ter essa tecnologia com polias e correias, a quantidade de componentes do CVT é menor e o custo da caixa é menor. A tendência é uma presença maior do CVT, até porque permite ter infinitas marchas, regular os steps de marchas e gerar mais economia”, explica Almiro Moraes. E também por reduzir o consumo.

Porém, no que diz respeito aos câmbios automatizados de dupla embreagem, as manutenções ainda costumam ser mais dispendiosas.

“A parte das engrenagens é muito parecida com a dos automáticos convencionais. Mas são sensíveis na parte da embreagem, seja ela seca ou molhada. Já o fluido dificilmente muda em relação às outras transmissões”, explica o executivo da SAE.

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Quais são os problemas mais comuns em câmbios automáticos?

CambioAutomatico
Por dentro de um câmbio automático (Acervo/Quatro Rodas)

A transmissão automática pode dar sinais de que está com problemas. Trancos, trocas ásperas, sensação de patinação nas arrancadas, perda de força e consumo excessivo de combustível são alguns indícios.

Além de usar fluido errado ou esticar os prazos de troca, o modo de dirigir também pode aumentar o desgaste do câmbio automático. Fazer mudanças com o carro em movimento e descansar a mão na alavanca são exemplos de práticas ruins.

Não exceda a o limite de carga do veículo. Além dos riscos já conhecidos, o peso em excesso aumenta a carga em cima de diversos componentes do carro, como freios, amortecedores e a transmissão.

Também não é aconselhável ficar mudando toda vez de “D” para “N” a cada parada no semáforo. Isso acentua o desgaste das embreagens internas da caixa. Aí, é dar razão para os nossos pais.

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Qual a melhor forma de usar o câmbio automático?

Auto Serviço - Cambio
Use o modo sequencial quando necessitar (Divulgação/Quatro Rodas)

Ao sair: Ao dar a partida, primeiro engate a marcha e só depois baixe o freio de mão ou desative o freio de estacionamento eletrônico.

Ao estacionar: Na hora de parar, o contrário: puxe ou acione o freio de estacionamento e só depois coloque a alavanca da transmissão em “P”.

Mão boba: Evite deixar a mão sobre o pomo da alavanca.

Carinhoso: Faça as mudanças de forma suave e progressiva.

Uso do “N”: Acione só quando o carro realmente precisa ficar solto.

Freio motor: Em descidas, engate sempre “D”. Mas se o câmbio tiver opções de modo sequencial, use como freio motor.

Números: Se a caixa tiver posições como “3”, “2”, “1” ou “L”, vale também recorrer a elas para freio motor.

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