O esforço insano para girar o volante ao manobrar está a um passo de virar coisa do passado distante. Entre os modelos novos, são poucos os que não dispõem de direção hidráulica – no mínimo o item é oferecido como opcional.
Mesmo entre os usados, a instalação não é difícil e parte de R$ 1.500. Mas o sistema hidráulico já está praticamente com os dias contados, pelo menos para alguns fabricantes. A assistência elétrica na direção está cada vez mais popular (isso mesmo!) e tem bons argumentos para isso.
Utilizada pela primeira vez em 1988, pelo Suzuki Cervo, o sistema vem ganhando a preferência dos fabricantes por tornar o manejo do volante mais confortável do que com direção hidráulica, permitir maior variação na assistência da direção conforme a velocidade e, o mais importante, por não roubar potência do motor e, assim, reduzir seu consumo de combustível. A eficiência energética pode ser até 85% maior.
Acontece que a direção elétrica tem um pequeno motor elétrico (que pode estar na coluna de direção, na cremalheira ou na barra de direção), que entra em ação ao receber sinais de sensores que identificam o movimento do volante, alivia o trabalho dos músculos do motorista.
A força exercida varia em função da velocidade do veículo, ou seja, aplica mais força quando em manobras e menos em alta velocidade, deixando o carro mais “na mão” do motorista. Isso, claro, depende da forma como o fabricante programa seu sistema de direção.
Por sua vez, a direção hidráulica (que foi usada pela primeira vez no Chrysler Imperial de 1951) usa uma bomba hidráulica conectada ao motor, que pressuriza o fluido que circula dentro da caixa de direção e, por sua vez, movimenta um pistão e diminui em até 80% o esforço aplicado pelo motorista.
A questão é que a bomba depende do funcionamento do motor e, assim rouba de 1 a 3 cavalos. Este sistema também depende de reservatório e mangueiras, sendo mais complexo que o sistema elétrico, por incrível que pareça.
Ainda existe um meio termo, a direção eletro-hidráulica. A diferença é que em vez de a bomba hidráulica ser acionada pelo motor do carro, é comandada por um motor elétrico independente.
A atuação deste motor elétrico também pode variar em função da velocidade do carro, diminuindo sua participação conforme a velocidade aumenta. A questão é que este exige a mesma manutenção que o sistema puramente hidráulico.
Questão de sentimento
Por não necessitar de força do motor, a direção elétrica é ideal para carros de baixa potência. No início, também só poderia ser aplicada em carros pequenos por conta da limitação de potência no motor elétrico.
Hoje, se vê a direção elétrica em compactos como Nissan March, Volkswagen Up e Ford Ka, mas picapes (Chevrolet S10 e Ford Ranger) e até superesportivos já se valem da assistência elétrica.
É aí que entra a parte delicada. Sabe a sensação de sentir o carro na mão? Parte dessa percepção vem da direção e a forma como é conectada às rodas e a direção elétrica reduz essa sensibilidade ao volante que os gearheads chamam de feedback.
Por ter funcionamento mecânico e não tão dependente de módulo eletrônico e sensores, a direção hidráulica ainda leva vantagem neste aspecto, pelo menos quando comparamos carros mais convencionais.
Hoje, o grande esforço dos engenheiros está justamente na calibração do sistema para que essa sensação ao dirigir não seja artificial demais. Estão fazendo isso certo, a ponto de a Jaguar ter se rendido ao sistema no F-Type, primeiro modelo da marca com direção hidráulica.
Até mesmo uma entidade do prazer ao dirigir como a Porsche já aposta nos benefícios da eletricidade. O gerenciamento eletrônico da marca de Stuttgart, aliás, é capaz de proporcionar uma sensação de direção equivalente ao da hidráulica (a desejada maior comunicação com o carro), graças a uma alteração no ciclo de feedback da central elétrica.
Nos carros da marca, chega a ser necessário fazer esforço nos braços – uma característica de peso da direção que é tradicional em seus modelos, e que não se perdeu com a chegada da eletrônica.